Outubro do ano passado foi um grande acontecimento na minha vida, de um jeito muito ruim (e de alguma forma de um jeito bom).
Aquele clichê de "fechar um ciclo no qual tava muito apegada e abrir espaço para coisas que eu nem tinha ideia" foi absolutamente verdadeiro, mas na hora eu só achei tudo uma coisa horrível.
Contei aqui, mas 2023 foi o ano mais difícil da minha ainda pequena vida enquanto empreendedora. Esse ano, ali pelo terceiro mês, eu voltei a dormir tranquila pela primeira vez em mais de um ano.
Não durou muito rs. 2024 ficou com inveja de quem veio antes e falou "vou dobrar a aposta". Mas ele também quis ser criativo e trouxe pra mesa outros temas.
Pessoalmente odeio a expressão "fechar ciclos". Acho simplista demais, e carrega pra mim uma aura meio guru mequetrefe que fala qualquer coisa com ares de sabedoria. No entanto, cá estou eu,um ano depois, fechando outros ciclos na esperança do clichê se fazer presente outra vez.
Outubro de 2023 também foi um mês agitado aqui na newsletter. Liberei uma energia que tava estagnada em mim e fui aos poucos voltando a estar presente pra uma comunidade que sempre (!) me apoiou muito. Tem gente aqui que me acompanha desde meus 20 anos, tem quem chegou a pouco tempo e participa de todos os clubes de leitura. E eu fiquei com muita vontade hoje de agradecer imensamente a vocês. Por estarem aqui, por me lerem, por torcerem por mim e por terem sido meu suporte quando eu mais precisei, e sem nem fazerem ideia do quanto estavam me mantendo não apenas sã, mas também viva.
Escrevendo essa news aqui, pra começar a falar do meu estilo, fui atrás dos meus primeiros blogs. Entrei no Chez Noelle, que nasceu como Petite Beauté (porque a Erika Palomino me chamava de 'Belezinha' e eu, que não falava francês, achei que era uma ótima ideia), e comecei a reler comentários de postagens de mais de mais de dez anos atrás. E reconheci nomes que seguem aqui até hoje. Resgatei meus dois livejournals que tive entre meus 15 e 19 anos, e dei gostosas risadas lembrando da menina que eu era, em como eu escrevia, como eu via as coisas, quão pequeno era meu mundo, mas quão grandes eram meus sonhos.
É uma maluquice pensar que vai fazer 20 anos que eu estou na internet.
E eu faço isso primeiro porque eu gosto muito, mas bem grudadinho em segundo vem o fato de que vocês são legais demais!!!!!!!!! É um prazer e uma honra escrever pra vocês, a nossa comunidade.
Obrigada!
Muito obrigada, genuinamente, por cada uma e cada um que me acompanha ou me acompanhou em algum ponto dessa vida.
Tô emotiva.
Mas hoje é o último domingo do mês, e eu quero compartilhar as coisas que têm me feito companhia por aqui, nesses últimos tempos.
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Nós estamos lendo no Clube de Leitura "O Perigo de Estar Lúcida", em que a Rosa Montero faz uma investigação da relação entre a mente meio desparafusada e a criatividade, e confesso que o começo foi um tanto lento pra mim, mas agora estou devorando. Se quiser ler com a gente, nosso encontro vai ser dia 25 de novembro, e você pode saber mais aqui.
Esse ano, antes-de-tudo-degringolar, eu estava lendo bastante. E alguns livros foram assim, imensos presentes. Um deles, que recentemente recomendei pro meu amigão Gui Falcão, foi "A Palavra Que Resta". Esse deve ter sido um dos livros mais lindos que eu já li nos últimos anos. O livro do Stênio Gardel consegue ser absolutamente belo e dilacerante na mesma medida. E a maneira com que ele usa as palavras, como ele constrói as frases, os capítulos, a narrativa, como quem lapida uma escultura, é fascinante. A história é mais ou menos assim: Raimundo, um homem analfabeto, é impedido de viver seu amor da juventude, e desse amor resta uma carta.
Leiam, depois me contem.
Não estou boa pra dar dicas felizes, pois o próximo é, senão igual, ainda mais profundamente dolorido que o anterior. "Não fossem as sílabas do sábado", da Mariana Salomão Carrara é figura recorrente em indicações por aí, e o livro faz jus ao hype – na minha humilde opinião. Um livro que não mede palavras e sensações ao adentrar numa tragédia dessas que a gente fica tentando encontrar motivos, e só acha mais dor.
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Pra não dizer que não falei de algo leve: Essa indicações pode soar velha, mas eu não tenho vergonha de dizer que faz poucos meses que eu me rendi a Amelia Dimoldemberg e seu 'Chicken Shop Date'. Nele a comediante britânica entrevista celebridades de todos os tipos, de atores a músicos enquanto brinca com a ideia de um primeiro date em um local bem pouco convencional e romântico. Ela é rápida e sagaz, e tem uma postura tão dentro do personagem que é delicioso de assistir. Um dos meus favoritos é o com Rosalía, Billie Eilish, Jack Harlow, e, obviamente, o mais recente, com Andrew Garfield – com quem ela já dividiu alguns momentos cheios de química em tapetes vermelhos antes, o que criou toda uma expectativa entre os cronicamente online como eu.
"The Marías", uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos, participou do "Tiny Desk". É isso, mic drop.
Sou fã de Charli XCX desde que a bonita lançou o chiclete "Bom Bom Clap", em 2013. Foi trilha sonora de boa parte do final da minha graduação, e um dos meus shows favoritos do Primavera Sound em Barcelona em 2022 (bons tempos, saudades) foi o dela, com uma performance absurda, um controle do palco e da audiência totalmente magnéticos. Dito isso, "Brat", em todas as suas versões, não sai do meu fone de ouvido. Estou obcecada, não só pelo que ela fez, mas como ela fez. Como ela ENTENDEU um momento de mundo, de música, de produção. Como ela fez mais que um álbum, ela encapsulou a cultura. E ela fala disso tudo nessa entrevista deliciosa com o Zane Lowe, tem-que-ver.
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Essa semana é Dia das Bruxas, e eu tenho pensado muito num dos meus filmes-conforto favoritos: "Da Magia à Sedução", com minhas bruxas favoritas do cinema, interpretadas por Nicole Kidman e Sandra Bullock. Na minha cabeça, todo mundo já viu, mas se você ainda não viu, faça esse favor a si e se dê esse confortinho numa noite qualquer. Lições de amor próprio escondidas em pequenos frascos de poções.
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Na última sexta-feira eu tive a honra de ser convidada pra ouvir em primeira mão o primeiro álbum de uma das vozes mais lindas da nova geração de cantoras brasileiras: “Inteira", de Nina Maia. Ela tem apenas 21 anos, o que torna todo o trabalho ainda mais impressionante. As letras são belíssimas, os temas complexos e a maneira com que ela canta, performa e produziu todo esse álbum, é de ficar mesmerizada. Sou apaixonada pelo que ela faz. O álbum estreia dia 31/10 no spotify, mas eis aqui uma das músicas.
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Cuidem de vocês, nutram a si mesmas
Com carinho,
Stephanie Noelle