Rosa Montero é uma autora única – gosto de como ela mistura ficção com dados da realidade, como ela monta uma narrativa ao mesmo tempo que te apresenta estudos e notícias e números científicos.
Meu primeiro livro dela foi “A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver", em que costura lindamente seu próprio luto com a vida (e perdas) de Marie Curie, uma pioneira das ciências e a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel. É fascinante, doloroso, intenso e importante.
Um tempão depois eu me encontrei com “A Boa Sorte”, uma indicação de uma amiga jornalista. Bonito demais, nesse aqui a autora nos coloca diante de uma história que parece não fazer nenhum sentido – como a vida e suas inúmeras contradições e surpreendências. Um mistério, uma discussão sobre bem e mal, e pessoas tentando-querendo-precisando fugir de si mesmas. Mexeu e ainda mexe comigo.
E então chegamos ao meu terceiro encontro com Rosa Montero: “O Perigo de Estar Lúcida” é o livro que vamos ler juntas (juntos e juntes) nessa reta final de 2024 no nosso Clube de Leitura da Noelle, o CdLL.
“O Perigo de Estar Lúcida” é um livro sobre instabilidade mental. Sobre a curiosa relação que uma mente perturbada tem com a criatividade e a genialidade. E ela parte da sua própria experiência e suas crises de pânico para traçar esse paralelo complexo. Um livro que mistura ensaios com ficção, do jeitinho que ela faz de melhor.
Dados de 2023 afirmam que “uma em cada oito pessoas vive com alguma doença ou transtorno mental no mundo. Ansiedade e depressão são os mais comuns e chegam a representar 60% dos casos”1. Ainda assim, é um tema carregado de preconceitos – especialmente entre mulheres, que, por muitos anos foram chamadas de loucas e histéricas por simplesmente não se adequarem às normas e padrões esperados do gênero feminino, e tiradas do convívio da sociedade, limadas da participação social. Tem uma entrevista da autora em que ela traz um dado bem recente: “Há um estudo muito interessante que tem sido feito em vários países da União Europeia e nos Estados Unidos com médicos de família, clínicos gerais. Foi constatado que, em uma primeira consulta médica, com os mesmos sintomas, os homens são encaminhados mais ao especialista e as mulheres recebem mais ansiolíticos, consideradas neuróticas e histéricas. Antes da pandemia, em 2019, na Espanha, esta diferença de tratamento para os pacientes significava que as mulheres demoravam 13% mais tempo para chegar ao especialista do que os homens. E, pelo menos na Espanha, a maioria desses médicos de família são mulheres. Então, veja até que ponto todos nós ainda temos essas noções patriarcais enterradas profundamente em nossos cérebros. É incrível: embora muito progresso tenha sido, elas ainda estão à espreita.”2
E aqui, nesse livro, ela olha pra questão de outro jeito: uma mente instável é algo difícil de se conviver com, mas é também um ambiente muito _ muito! _ criativo. Ela o faz compartilhando fatos sobre como nosso cérebro funciona na hora de criar, destrinchando os aspectos que influenciam a criação e organizando-os para nós.
Seria a mente um tanto fora do prumo um preço que se paga por uma criatividade transbordante? Não sei, vamos descobrir juntas.
Eu, há alguns anos, comecei a olhar pra minha saúde mental através de outros prismas, com menos certezas e muito mais perguntas. Um desejo maior de investigar o que é que se passa aqui dentro do que decretar uma causa e também uma solução. Encarar minhas questões não como um brinquedo quebrado que precisa de consertos e remendos, mas sim um mapa do tesouro que me leva a descobrir coisas sobre mim mesma e sobre meus limites e meu lugar no mundo.
Por fim, uma provocação da autora sobre histórias protagonizadas por mulheres: “Me irrita muito quando uma mulher escreve um romance em que a protagonista é uma mulher – todo mundo pensa que está se escrevendo e falando sobre mulheres. Mas quando um homem escreve um romance protagonizado por outro homem, todos pensam que ele está escrevendo e falando sobre a condição humana, certo? Bom, comigo é a mesma coisa, escrevo sobre o ser humano – o que acontece é que 51% são mulheres.”3
Convido vocês pra lerem comigo esse livro na reta final do ano, e discutirmos sobre nossas próprias questões, percepções e experiências.
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E vem, vamos ler juntas!
Ja li. Topo reler! Esse livro é uma das coisas q guardo no coração. Levei tanto dele pra terapia, alem de ser:” nao é terapia, mas é terapêutico.”
Adorei a escolha do livro e a ideia do encontro presencial! :)