Foram doze capítulos, e uma jornada intensa pra dentro, em lugares ora escondidos, ora bem expostos, gritantes, latentes. Para além de tudo, foi extremamente especial dividir isso tudo com um grupo tão precioso de pessoas como vocês. Nossas trocas riquíssimas, vulneráveis, cuidadosas, um espaço aberto de muita escuta e apoio. Não posso dizer que não sonhei com isso, pois sonhei sim.
Ver esse grupinho se formar e ouvir cada uma de vocês se abrir, trazer um pouco de si e enriquecer uma troca tão genuína foi a realização de um desejo, de uma ideia que, quando se tornou realidade, foi infinitamente melhor.
Quando li esse livro, em 2021, pela primeira vez, ele me transformou.
E em 2024, fazer esse Clube de Leitura, salvou minha vida.
Em muitos sentidos, alguns que eu jamais pude imaginar.
No final do ano passado passei pela pior fase da minha vida recente. Escrevi sobre isso em algumas das newsletters, mas nunca falei muito abertamente sobre.
O ano todo passado foi muito desafiador, muito difícil. Minha vida pessoal estava aos trancos e barrancos, e minha vida profissional, ainda pior. Comecei o ano imaginando e desejando muitas coisas, com as expectativas lá em cima, afinal, 2022 havia sido um presente, uma joia tão rara que eu tinha certeza de que o que viria a seguir só poderia ser tão bom ou até melhor. Demorei a me dar conta de que estava iludida, e tomei decisões baseadas num otimismo ingênuo - mas, principalmente, deixei de fazer coisas absolutamente necessárias, numa cegueira esperançosa, de que algo mágico aconteceria e me tiraria daquela situação.
Não foi assim.
Ao longo de 2023 minha empresa passou por grandes dificuldades, e a gente lá, insistindo em manter as coisas como estavam, porque a ideia de mudar era assustadora demais. Eu não queria admitir que tinha falhado, ou que aquilo que havia funcionado antes, não funcionaria mais. E assim mês após mês fomos sendo esmagados pela realidade, que não tinha compromisso nenhum com as minhas expectativas e desejos. Foi um ano frustrante, em todos os sentidos.
Passei ele todinho agarrada na ideia de que precisava proteger todo mundo, que não podia impactar a vida de ninguém além da nossa, que precisava carregar sozinha o fardo de encontrar uma solução, sem mexer em nada, sem causar grandes rupturas ou levar tensão pro resto da equipe. Não preciso nem dizer que essa é a receita do desastre.
Até que não foi mais possível.