O texto da news hoje é diferente e muito especial: ele foi escrito por uma convidada! E essa convidada tem um porquê: quando eu fiz O Caminho do Artista pela primeira vez, em 2021, eu só fiz porque a Babi me falou sobre.
Eu contei nesse texto aqui, mas pra resumir, eu achava esse livro uma coisa meio autoajuda demais pro meu gosto, mas quando a Bá me contou que iria fazer em dupla com o primo dela, deixei de lado meu preconceito e me convidei pra fazer parte - eu estava mesmo precisando de algo que me tirasse da minha cabeça e das minhas neuroses daquele ano.
Logo, esse Clube de Leitura só existe porque um dia essa minha amiga tão querida falou desse livro pra mim. E porque ela também me incentivou a fazer esse grupo e não ouvir tanto as vozes censoras que ocupam a minha cabeça e que me dizem que tudo precisa ser absolutamente perfeito pra poder acontecer.
A Babi é minha amiga desde 2005 (!) e essa amizade começou porque eu era fã dos escritos que ela publicava em seu blog. Tê-la escrevendo aqui é uma honra imensa.
Recebam essa news com carinho 💗
Uma mulher que fez maravilhas com sua câmera fotográfica. Mas eu penso muito nela menos pelas cenas urbanas que documentou em seus infinitos rolos de fotografia. Eu penso muito em Vivian Maier porque, como algumas de nós, fazer arte não era seu trabalho.
É possível que muitas das imagens que compartilhamos coletivamente de cenas de rua de cidades americanas e europeias em meados do século XX venha de fotografias que vimos à exaustão. De Henri Cartier-Bresson a Gordon Parks, fotógrafos profissionais foram reconhecidos em vida pelas crônicas cotidianas que faziam do espaço urbano. No caso de Vivian Maier não.
Sua obra só foi descoberta por acaso e após sua morte. Leiloada para um interessado em imagens de Chicago, a qualidade técnica das fotografias chamou a atenção do comprador, John Maloof. Vivian Maier passou anos fotografando e é quase acidental que hoje em dia suas fotografias apareçam em museus de arte ao redor do mundo.
Eu penso muito em Vivian Maier e deve existir uma razão pra isso. Comecemos pelo fato de que há duas verdades não totalmente excludentes sobre mim: a primeira delas é a de que venho de uma família de classe trabalhadora; a segunda verdade é a de que eu gosto de criar coisas. Vinda de onde vim, não tive outra alternativa que não começar a buscar remuneração ainda na adolescência (em funções como auxiliar administrativa, contrarregra em teatro, monitora em festa infantil) e desejar desde cedo um trabalho de carteira assinada como certos náufragos desejaram um espaço na porta do navio.