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Um ato de autonomia

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e uma lição difícil logo de cara

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Stephanie N. B.
jul 13, 2025
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Um ato de autonomia
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Fiz uma playlist com as músicas que ouvi na viagem e que postei nos stories ao longo dos dias :)

De maneira bastante europeia, escrevo esse texto dentro de um trem.
um trem que eu deveria ter pego ontem, mas perdi. por dois minutos e um erro de principiante.
mas esse não é o tema dessa newsletter.

quer dizer, é um pouco.
o fato de eu ter tido cama e banho quente sem ter que desembolsar pelo menos 150 euros está totalmente alinhado com o que foi essa viagem e esses dez dias em barcelona.

mas vou começar do começo - por que barcelona, por que essa viagem e o que eu vivi aqui. a ideia é escrever uma especie de diário de viagem.

Fragmentos e memórias, em partes.

Começa, mas não acaba, aqui.


Na verdade essa história toda começou ano passado, em novembro.

Eu havia terminado meu relacionamento há pouco mais de um mês, e tava numa poça de lamentações horrorosa. guardava meus choros pro final do expediente, depois de dias inteiros em reuniões com a pessoa que até pouco tempo antes era meu companheiro de vida.

Mal tinha tempo pra elaborar nada, pra sentir nada, pra sequer colocar aquela relação num lugar distante, fechado, o qual eu não precisaria lidar. Estava ali, dia após dia.

Tudo estava diferente, mas nada tinha mudado.

Naquela época eu ainda pensava sobre um retorno, me apegava a ideia de que era um afastamento necessário pra ficarmos juntos no futuro, que ambos iríamos nos beneficiar desse espaço e coisa e tal.

Era tudo muito recente e eu não conseguia ficar em paz com o fim de algo no qual eu havia investido tanto.
Tanto tempo, tanta energia, tanto amor, tanto de mim.

Eu havia terminado como um ato final de exaustão.
Não havia restado nada de mim pra colocar ali.
Eu estava esvaziada. exaurida. murcha.

Buscava o que era meu e só achava os escombros de nós.

No meio dessa bagunça toda, algo me dizia que eu precisava olhar pro futuro, fazer planos, dar espaço pra uma vida só minha ser criada.

E por mais difícil que fosse fazer isso naquele momento, eu fiz.

Em novembro comprei ingressos pra um festival de música que aconteceria em junho do ano seguinte, em Barcelona.

Ingressos só pra mim.

A última vez que eu havia ido nesse mesmo festival, tinha comprado pra nós dois.

Seria a primeira vez que eu faria uma viagem pra outro país sozinha, que não fosse a trabalho. Numa cidade que eu já havia ido outras três vezes - sempre acompanhada.

Não pensei muito, só comprei. Dividi no cartão o máximo que dava, e guardei aquele ingresso como um primeiro ato da minha autonomia.

Da minha liberdade.

De uma nova vida. De um novo eu.


Depois dos ingressos, eu demorei um tanto pra organizar o resto da viagem. O ano de 2025 era uma grande página em branco pela frente, pra mim. Cheguei a cogitar devolver meu apartamento pra proprietária e viver viajando, já que meu trabalho não me obriga a estar em São Paulo - e até nisso houve uma grande reviravolta.

Parte de mim não queria fazer planos, não queria viver uma vida nova. Naquele momento a vida que até então eu conhecia era a vida que eu queria continuar vivendo.

A compra dos ingressos foi um aceno pra essa nova vida. Eu podia vislumbrar, mas ainda não podia tocar.

Estava longe, tudo podia acontecer até que aquele momento chegasse.

Até que o tempo passou muito rápido e eu tive que decidir o que fazer dessa viagem.

De novo, sem pensar muito, apenas seguindo meu coração, decidi que iria pra Paris depois do festival, e assim visitaria minhas duas cidades favoritas. Cidades em que vivi e criei muitas memórias ao lado de outra pessoa. Dessa vez eu criaria as minhas.



A CHEGADA

Pensei bastante se escreveria sobre isso.

Não queria / não quero começar com algo ruim. Não quero desencorajar ou assustar ou criar mais medo. Mas também não posso ser ingênua, não posso dizer que tudo são flores, que vivi uma experiência perfeita, sem falar que, sim, viajar sozinha sendo uma mulher ainda é um ato de muita coragem e infelizmente traz riscos. Em qualquer lugar do mundo.

Então vou direto ao ponto.

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